segunda-feira, 12 de janeiro de 2009


Ana Marta - Nossos olhares (2008)
Edições - 20.12.2008
Castiça sem dúvida, será a primeira expressão que se ouvirá depois de escutar o mais recente álbum de Ana Marta, uma jovem fadista de Alfama, que não renega as suas origens e antes as valoriza de modo a que a sua interpretação resulte autêntica. Ana Marta, que estará na casa dos 20 anos, não procura embaraços intelectuais e canta o que sente e o que entende, equação perfeita para o óptimo resultado que é este seu novo disco intitulado “Nossos olhares”.Voz clara e forte, dicção correcta, e compasso, Ana Marta imprime o seu ritmo e a sua interpretação a cada fado, mesmo que o tenhamos já ouvido noutras vozes, casos de “Alfama” de Ary dos Santos e Oulman ou “Não chames pela saudade” um característico tema de Joaquim Campos e Joaquim Pimentel. Já agora por referir autores, há um erro na referência ao autor de “O fado não é isso”. Trata-se de um fado muito bem cantado e muito apropriado para o seu tipo de voz, mas cujo autor é Carlos Conde e não João Linhares Barbosa como se refere, sendo a música correctamente atribuída a Túlio Pereira.De salientar que dos 10 fados escolhidos cinco são inéditos, assinados por um dos consagrados intérpretes nacionais, António Rocha. Escolher entre eles é difícil, mas regista-se a qualidade de que o fado na sua vertente poética quotidiana está de bom saúde. São de grande qualidade as letras de Rocha, bem defendidas por Ana Marta e bem “metidas” nos fados tradicionais. Referência também para o bom acompanhamento de Ângelo Freira na guitarra portuguesa, actualmente a tocar com Mariza, Miguel Ramos na viola (bravo!)e Daniel Pinto na viola baixo.Um disco excelente que mostra que a menina de Alfama parece agora estar a trilhar um melhor caminho afastando-se de modelos e afirmando-se como cantandeira.
Inez Benamor

http://www.portaldofado.com/

Entrevista para o jornal SOL

Caros amigos aqui vos deixo com a entrevista publicada no jornal Sol ( embora com alguns mal entendidos).

«Este é o meu primeiro CD a sério, isto é, estruturado e pensado em que conto com uma sorte extraordinária de ter cinco inéditos do António Rocha», disse a fadista à Lusa.
O CD abre com Alfama (Ary dos Santos/Alain Oulman), uma criação de Amália Rodrigues que Ana Marta decidiu cantar em homenagem ao seu bairro. «São as minhas origens, Alfama é o meu bairro e orgulho-me disso, sou nascida e criada em Alfama, e talvez por isso a interpretação deste fado é-me muito intensa», explicou.
Este é um dos seus fados favoritos, ao lado de Meu Bairro, Meu Berço (António Rocha/Joaquim Campos).
O sentimento bairrista é o factor que pesa na escolha do tema, tendo a fadista acrescentado: «os meus amigos gostam particularmente dele, e é como nos entendemos».
O terceiro favorito é também da autoria de António Rocha, poeta e fadista, distinguido há dois anos com o Prémio Amália Rodrigues Carreira, e intitula-se Foste tudo és nada na música do fado bailado de Alfredo Marceneiro.
«O fado surgiu naturalmente, fui conversando sobre mim com o António Rocha e ele fez a minha história para cantar. Tem esse dom raro, que aliás, caracteriza o fado tradicional», explicou. António Rocha é um dos nomes ao lado do qual, todas as noites, canta na casa de fados O Faia, ao Bairro Alto, assim como Anita Guerreiro, e o seu ídolo, Lenita Gentil.
«Actualmente canto n'O Faia que para mim parecia impossível há uns anos, e estou muito contente, tanto mais que canto com o meu ídolo que é a Lenita Gentil», explicou.
«A Lenita Gentil - prosseguiu - foi sempre uma referência para mim, pelo timbre de voz, mais grave, e a interpretação. Houve uma altura em que me colei quase a ela, mas depois percebi que a fotocópia nunca é tão boa como o original e eu tinha de ser a Ana Marta».
Além da criadora de Preciso de Espaço (Vasco de Lima Couto/Verónica), Maria da Nazaré e Marina Mota são dois outros nomes de referência para si. O novo álbum visa chegar «ao grande público» e Ana Marta acalenta outros «sonhos» como o de ser escolhida para actuar no teatro de revista e cantar nos palcos internacionais.
«Fazer revista é um sonho, e gostaria de ir lá para fora, fui a Roma com a Katia Guerreiro, correu muito nem e gostei muito», disse.
Referindo-se ao CD como «rampa de lançamento», Ana Marta afirmou que a escolha dos temas baseou-se na sua experiência pessoal.
«Escolhi temas que me dizem algo, que têm a ver comigo, com a minha experiência, mesmo que indicados por outras pessoas, como foi o caso de O fado não é isso», explicou.
A indicação de O fado não é isso (Carlos Conde/Túlio Pereira) foi da fadista Julieta Estrela que segundo Ana Marta lhe foi «uma mais valia» pois «é uma enciclopédia de fado».
«A ela devo-lhe muita coisa, limou-me muitas arestas e teve muita paciência comigo», disse, referindo-se ao tempo em que cantou na casa de fados de Julieta Estrela, Fado Maior, em Alfama.
Outros temas escolhidos são Demos as mãos (Ary dos Santos/Marinho d'Assunção), Olhando o mar (Elsa Laboreiro/Amadeu Ramim) ou Não chames pela saudade (Joaquim Pimentel/Joaquim Campos), além dos cinco inéditos de António Rocha para fados tradicionais, entre eles, o que dá título ao CD, Nossos olhares com música de Fontes Rocha.
Lusa/SOL

www.sol.sapo.pt